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Você acredita em bondade?

Atualizado: 5 de out. de 2021

Nesse último mês fomos surpreendidos com uma notícia muito triste. O inesperado tomou forma, aconteceu!

Uma linda jovem foi atropelada na região oceânica de Niterói. Para quem conhece a cidade foi exatamente naquela pista do meio, pós a obra faraônica e nada eficiente realizada na região.

Uma menina cheia de sonhos, no início de uma vida, em que todos, ao seu redor, acreditavam ser “eterna”.


A notícia chega atravessada.

Como assim atropelada?

Ela andava por aquelas ruas há tempos.

Ninguém sabe, ninguém viu! Simplesmente temos que aceitar que a notícia é real e o estado é grave.


O acidente foi feroz.

Foram dias de uma luta intensa, de todos os lados.

B. lutava pela vida, sua família lutava com bravura pautada na fé de que essa batalha seria vencida por ela e seus amigos lutavam contra a dor dessa história cruel e inacreditável.

Dias de solidariedade, de compaixão, de amizade, de aceitação e resignação marcaram todos que acompanhavam essa tragédia.

B. não resiste! A linda e sonhadora menina adormece ao sono profundo.

Após 03 dias ouço meu filho dizer:

“Nos encontramos no enterro”.


Pergunto:

Como assim? Ela não foi sepultada?

E ouço uma resposta que arrepia meu corpo inteiro, transbordando um sentimento de genuína bondade.

Não, Mãe. Demorou um pouco porque a família doou os órgãos.

Então, nesse dia, 27/09, em que celebramos o Dia Nacional de Doação de Órgãos homenageio essa família, sua coragem e sua bondade.

A data, instituída pela Lei nº 11.584/2.007, tem o intuito de sensibilizar a população para a doação de órgãos e tecidos, visando conscientizar a sociedade sobre a importância desse ato de amor e buscando fomentar diálogos abertos sobre o assunto, com familiares e amigos.

Vejam que apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, trata-se ainda de um assunto polêmico e de difícil compreensão e aceitação, resultando em um alto índice de recusa familiar.


Logo, lembrem-se que para ser doador não é necessário deixar algo por escrito ou registrado, contudo, é fundamental comunicar à família o desejo de doação.


B. teve morte cerebral e quando isso ocorre há perdas irreversíveis de funções vitais que mantêm a vida. Nesse momento a decisão de doação foi tomada e mesmo diante a tamanha dor, o que prevaleceu foi o salvar vidas!

Acredito sinceramente que dizer “sim” após a perda de um ente querido é um ato de bondade e amor. Não consigo imaginar a dor dessa família e não duvido de que tomar essa decisão possa ter sido algo doloroso, mas assim como a família da B., acredito que esse gesto pode mudar a vida de milhares de pessoas que esperam por um transplante e esperam por uma chance.


Observem que um único doador pode doar córneas, rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas entre outros órgãos e tecidos, ou seja, uma única pessoa pode salvar cerca de oito vidas.


Você já pensou nisso?


A legislação brasileira é uma das mais protetivas quando o tema é doação. Exige dois laudos clínicos atestados por médicos diferentes, profissionais capacitados que não participaram das equipes de retirada dos órgãos e a obrigação do exame complementar que mostra ausência de fluxo cerebral e atividade elétrica.

Toda essa proteção é para salvaguardar a vida de ambos – doador e receptor.

E, para esclarecer um pouco mais sobre esse tema tão digno e complexo – doação – segue abaixo informações simples e importantes.


“Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas.”

“O que é?

O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto.

Como é a Lei de Transplantes?

A legislação em vigor determina que a família será a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade.


Doador Vivo

A pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia.

Quais órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador vivo?

Um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

Quem pode doar em vida?

O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.


Quais os órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador não vivo?

Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino.

Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.


Quem recebe os órgãos/tecidos doados?

Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e através do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.

Quem é o potencial doador não vivo?

São pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitivo. É seguido protocolo específico de morte encefálica do CFM e MS.



Meu blog de hoje leva em seu bojo todo respeito e admiração a todas as B.s e suas Famílias, que transformam a dor da perda em um ato de amor, bondade e solidariedade com o outro. E que sigamos nesse caminho!

Eu sou doadora e você? Já pensou sobre isso?

Até a próxima!!! Se cuidem!!!

Felicidades!

Mírcia Ramos

Texto revisado por Ana Elisa Carvalho de Aguiar – Professora de Língua Portuguesa

Produção Virtual: Hannah Sloboda







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